
no último ano aconteceu-me um motim
porque as palavras escritas embirram em fazer com que tente perceber o sentido das coisas, e ultimamente acho que nem tudo tem que fazer sentido, não escrevo
porque até tenho apreciado este caos mais ou menos controlado, não escrevo
porque durante tanto tempo tentei dar sentido a um mundo que deixou de existir como “quem vai só ali e já vem…mas não volta”, e a realidade se apresentou de uma forma tão distinta nos seus mais ínfimos pormenores – que chego a pôr em causa a minha sanidade mental, não escrevo
num ano cresci mais do que numa década, é um pouco extenuante, mas é incrível
no ultimo ano decidi que queria outra vida, assumindo a responsabilidade que estava a mudar também o rumo da vida meu filho (que é infinitamente mais importante) - e percebi que o melhor que lhe posso dar é estar bem
olho para trás e vejo o quanto tudo me fez ser melhor, e me recorda que nunca mais devo duvidar daquilo que sou capaz
percebi que o ser humano tem uma capacidade fantástica de adaptação, e que se estivermos atentos a aprendizagem é constante
descobri que um grama de paz de espírito vale mais que toneladas de conforto físico
neste ano percebi que há escolhas que têm que ser tomadas em momentos de extrema solidão
neste ano foram-me dadas a conhecer - com uma boa dose de intensidade - ansiedades, medos e fúrias - e percebi que aguentamos muito mais do que julgamos
neste ano diverti-me muito, curti muito as minhas amigas
descobri que tenho muito mais coragem do que pensava,
tanta coisa por aprender e muita que nunca vou saber
e percebi que não ter medo de falhar é a única forma de conseguir
neste ano percebi que o que me faz feliz está cá dentro
percebi também que não vale a pena preocupar-me se os outros me entendem,
e que ter razão não tem importância nenhuma,
vale a pena sim aceitar que cada um tem o direito de ser à sua maneira
neste ano percebi que a vida pode ser tão mais simples e admirável
hoje preciso de uma espécie de sentido por isso escrevo