
eu gosto de escrever
a minha gente sabe
nunca não sou eu
quando por deferência, ou pavor a resistências à besta frontalidade, me contenho
esta nossa língua lusa, dá-se a deliciosos malabarismos que me permitem entornar verdades, mascaradas de fábulas, rábulas, imagens, afinidades e mais um sem-fim de formas destorcidas
socorro-me do sarcasmo, zombo da vida e das suas inconsistências ou dou disparos perfeitos disfarçados de bombas atómicas
ladro que estou irritada com a humanidade, quando na realidade é só para um alguém que esta neura se dispõe
vocifero que quero a vida, quando só esse ninguém me fica com todas as vontades
eu gosto de escrever porque não me deixa deslembrar
quem melhor do que eu para me importunar
as manias e as convicções
recuar e observar como sou tantas vezes desproporcionada,
como me enterneço com patetices,
como o que foi não volta a ser
afinal uma longa sessão de psicanálise
as ambições ficam aqui pintadas, sem prazos
garanto, assim, que até ao último suspiro
não serão fracassos
Esquece a psicanálise, a psiquiatria e Freud. Não existe melhor terapia que escrever. O papel não nos censura e a língua de Camões permite elogiar e ofender com a mesma palavra, tal é a sua elasticidade.
ResponderEliminarPor isso escreve!
bj
A tua gente sabe que gostas de escrever...
ResponderEliminareu, não sendo da tua gente, sei que escreves muito bem!
Beijo grande
thanks mister Cat...e é uma terapia bem mais em conta que a dos consultórios tradicionais :-)
ResponderEliminarKapikua beijos grandes
Escrever é, de facto, libertador... eu, como não tenho a tua criatividade, em vez de escrever num blogue, agora envio emails a mim mesma! Cada um faz o que pode!
ResponderEliminarGosto muito da tua escritoterapia a mim tem me apetecido pouco mas se calhar está na hora de voltar...
ResponderEliminarBeijos
Mamma Mia: és a maior! :-)...tipo post it no espelho da casa-de-banho!
ResponderEliminarLBJ: como te entendo...a gente vai voltando aos bocadinhos e quando nos apetece. bjs