quinta-feira, 14 de outubro de 2010




no último ano aconteceu-me um motim

porque as palavras escritas embirram em fazer com que tente perceber o sentido das coisas, e ultimamente acho que nem tudo tem que fazer sentido, não escrevo

porque até tenho apreciado este caos mais ou menos controlado, não escrevo

porque durante tanto tempo tentei dar sentido a um mundo que deixou de existir como “quem vai só ali e já vem…mas não volta”, e a realidade se apresentou de uma forma tão distinta nos seus mais ínfimos pormenores – que chego a pôr em causa a minha sanidade mental, não escrevo

num ano cresci mais do que numa década, é um pouco extenuante, mas é incrível

no ultimo ano decidi que queria outra vida, assumindo a responsabilidade que estava a mudar também o rumo da vida meu filho (que é infinitamente mais importante) - e percebi que o melhor que lhe posso dar é estar bem

olho para trás e vejo o quanto tudo me fez ser melhor, e me recorda que nunca mais devo duvidar daquilo que sou capaz

percebi que o ser humano tem uma capacidade fantástica de adaptação, e que se estivermos atentos a aprendizagem é constante

descobri que um grama de paz de espírito vale mais que toneladas de conforto físico

neste ano percebi que há escolhas que têm que ser tomadas em momentos de extrema solidão

neste ano foram-me dadas a conhecer - com uma boa dose de intensidade - ansiedades, medos e fúrias - e percebi que aguentamos muito mais do que julgamos

neste ano diverti-me muito, curti muito as minhas amigas

descobri que tenho muito mais coragem do que pensava,
tanta coisa por aprender e muita que nunca vou saber

e percebi que não ter medo de falhar é a única forma de conseguir

neste ano percebi que o que me faz feliz está cá dentro

percebi também que não vale a pena preocupar-me se os outros me entendem,
e que ter razão não tem importância nenhuma,
vale a pena sim aceitar que cada um tem o direito de ser à sua maneira

neste ano percebi que a vida pode ser tão mais simples e admirável

hoje preciso de uma espécie de sentido por isso escrevo

sábado, 21 de agosto de 2010

Ó pá, esqueci-me! Já sabes que sou distraída!



Esqueci, pois foi.
Esqueci-me, de me tornar numa menina crescida, de fazer um PPR, de ter um plano B.
Esqueci-me de querer ter uma relação séria e saudável, de pensar demasiado, de ficar deprimida, de me lamentar da sorte.
Esqueci-me de ter medo, de não fazer coisas estúpidas e inconsequentes.
Esqueci-me de acreditar que encontras alguém, tens filhos e é mesmo assim, começas a envelhecer – e às vezes nem é muito bom, mas não vale a pena mudar – é tudo igual.
Esqueci-me de deixar de dizer disparates, de me meter com as pessoas, de sorrir para toda a gente.
Esqueci-me que não se deve falar com estranhos, nem aceitar rebuçados de desconhecidos.
Esqueci-me de levar a vida mais a sério, de me preocupar muito.
Esqueci-me de me esquecer que quero curtir o tempo que ainda cá estiver.
É o que dá seres distraída, tens que ter mais atenção!

sexta-feira, 9 de julho de 2010


Ter mais senso | A vida não é um conto de fadas | Trabalhar | Responsabilidades | Medir consequências

Mas juro, que não me consigo conter
Porque quero tanto, tanto, tanto da vida
E sinto que temos tão pouco tempo
E não sei se vou cá estar amanhã
E tenho um desassossego tão imenso dentro de mim
E tenho o anjo e o demónio a darem-me cabo desta cabecita
E se há dias que penso que isto me vai passar
Outros há, em que quero fazer tudo antes que passe
E não me apetece pensar antes de falar
Nem ponderar antes de fazer
E quero que mude
Qualquer coisa
E quero fazer, não passar a vida a pensar no que poderia
E não quero acreditar que não posso
E se for preciso remediar, que se dane
E por vezes queria tanto não precisar de mais
E por um nanossegundo queria encontrar alguém que me acalmasse, mas que medo que isso aconteça
O que eu gostava mesmo era de alguém que fosse louco junto comigo
E precipito-me, e arrependo-me - mas do que fiz
E não quero esperar

Pronto, agora que disse, já estou mais calma (ahahah...brincadeira :-)

domingo, 20 de junho de 2010

CARTA DE RESCISÃO DE UM FUTURO CONTRATO DE TRABALHO OU PORQUE É QUE HÁ RELAÇÕES QUE ESTÃO CONDENADAS ANTES DE SE INAUGURAREM




Venho por este meio advertir que:

- eu não traço o meu destino num cronograma e não disseco com método as minhas acções de modo a conferir se estou a executar a vida conforme os objectivos definidos – eu nem sei o que me vai apetecer fazer amanhã

- eu tenho a convicção que se algo não funciona, a culpa é das pessoas e não dos processos…porque em última análise foi uma qualquer pessoa que estabeleceu esse processo - o processo não tem vida, nem é provido de livre arbítrio e mais depressa me convence que os astros não estavam alinhados do que me leva a acreditar que o erro foi do desgraçado do sistema

- eu não decido o que vou fazer com base em análises SWOT, e se alguém me perguntar o que é, direi: Surprising Wild Obscene Tentation ;-)

- eu não marco na agenda o dia em que vou dar sangue, faço-o quando me apetece e não porque fico isenta de pagar taxas moderadoras - mas para a próxima tentar-me-ei lembrar que tenho direito ao resto do dia de folga ;-) boa?

- eu não utilizo a técnica dos 5 porquês quando quero saber porque é que ajo de determinada forma, porque não me resumo em cinco respostas

- eu não meço as probabilidades de dar com os cornos na parede antes de me apaixonar por alguém, mas estou certa de que o seu casamento entrou num qualquer programa de probabilidades e que deve ser muito excitante e imprevisível

- eu não ponho os negócios acima da amizade e quando eles se misturam – que se foda! (eu nunca vou ser rica mesmo)

- eu acho que quem pensa que “movimento é desperdício de tempo” merecia ser paralítico (durante um mês, vá!)

- eu não quero dizer a alguém - que está a desabafar que o marido é uma besta, ou que soube hoje que tem cancro na mama, ou que chora porque ficou desempregada, ou que não pode pagar por débito directo porque o marido não pode saber que anda num ginásio – “lamento mas os seus 5 minutos terminaram! Sabe que eu tenho um objectivo de vendas este mês e para o cumprir tenho que diariamente fazer 192 minutos de trabalho comercial ou seja tenho que dedicar 960 minutos por semana, 40% do meu tempo de trabalho a tentar vender e você está-me a foder a estatística toda!”

- eu não me quero habituar a reduzir tudo a números, e médias e medianas e percentagens e a puta que pariu

- eu sou humilde e honesta e quando erro, assumo e peço desculpa – e agarro o touro pelos cornos e não tenho a mania que sei mais do que sei na realidade, e acredito que técnicas de motivação engenhosas são boas, mas se não forem sentidas funcionam a muito curto prazo

- eu nunca serei a pessoa indicada para trabalhar consigo, porque eu nunca vou evoluir nessa direcção

Devido a estas pequenas incompatibilidades venho demitir-me do meu futuro trabalho.

Ora, digam lá que não se prevêem dias fantásticos, devido a esta minha vontade imensa de abraçar este “novo” projecto?

Haja alegria! E uma garrafa de Casal Garcia!

terça-feira, 8 de junho de 2010

escritoterapia



eu gosto de escrever

a minha gente sabe

nunca não sou eu

quando por deferência, ou pavor a resistências à besta frontalidade, me contenho

esta nossa língua lusa, dá-se a deliciosos malabarismos que me permitem entornar verdades, mascaradas de fábulas, rábulas, imagens, afinidades e mais um sem-fim de formas destorcidas

socorro-me do sarcasmo, zombo da vida e das suas inconsistências ou dou disparos perfeitos disfarçados de bombas atómicas

ladro que estou irritada com a humanidade, quando na realidade é só para um alguém que esta neura se dispõe
vocifero que quero a vida, quando só esse ninguém me fica com todas as vontades

eu gosto de escrever porque não me deixa deslembrar

quem melhor do que eu para me importunar
as manias e as convicções

recuar e observar como sou tantas vezes desproporcionada,
como me enterneço com patetices,
como o que foi não volta a ser

afinal uma longa sessão de psicanálise
as ambições ficam aqui pintadas, sem prazos
garanto, assim, que até ao último suspiro
não serão fracassos

quinta-feira, 27 de maio de 2010

AMO-TE SEM PRECONCEITOS ®





Amar como se fosse parva, inconsequente
Dar de mim, sem lembrar o quanto dura
Receber sem julgar, como se nunca me doesse
Acreditar que nenhum irá remodelar esse sentimento e dar-lhe ares de valor, que todas as acções justifica, que tudo dita
Amar que nem tábua rasa, disposta a ser inscrita
Amar com os erros mais crassos, com a ignorância dos catraios, que põem o coração na fogueira e sofrem como se não houvesse amanhã
Não racionalizar
Amar sem confronto
Sem pôr em causa
E não me arrepender…


AMO-TE SEM PRECONCEITOS ® - é uma marca registada, o autor pensava noutros preconceitos, bem mais crueis e profundos do que estes de que falo.
Vi, e a reacção foi quase “pavloviana”, eu quero : AMAR SEM PRECONCEITOS.
A base do preconceito é uma generalização superficial, condena por antecipação, e tem um sintoma camuflado: o medo.
AMO-TE SEM MEDO.

domingo, 23 de maio de 2010

Viver (ê) - Conjugar (latim vivo, -ere) = extravasar , transbordar, reinventar, renovar, reanimar




dizias o quê? não gostas de rotina? então minha amiga, toma lá de uma enxurrada:
perseverança para não duvidar, por um instante que seja, que a energia de quem se quer libertar é muito superior à cólera dos que querem subjugar;

audácia para abdicar da minha pequenina zona de conforto;

agilidade para me encaixar ao que veio, não lamentar o que ficou, e me alegrar pelo que há-de vir – ao que se chama celebrar por antecipação;

maturidade para receber insucessos como quem sabe que está lá uma oportunidade;

meninez para gozar pequenos deleites que só a falta de siso a fundamentam;

sorte por ter aquela Mãe, aquela Mana do Coração, aquela alegria das minhas Meninas;
paixão por quem me fica tatuado e sentimento é vida;

vontades desnorteadas que descortinam as minhas imensas possibilidades;

dúvidas tantas que me garantem que nada é garantido;
loucura para de quando em quando fazer como se não tivesse medo.

Vida generosa.

sábado, 20 de março de 2010

GENTE









O que se quer é Gente com garra
Gente que queira com verdadeira vontade de querer
Gente que saiba sofrer, que saiba de quando em quando perder
Que goste de um boa farra, e não goste de usar farda

Gente que grite, que diga Não, que diga SIM
Gente que não seja assim-assim
Gente poeta, Gente louco
Que seja completa, que não seja pouco

Que encontre dentro de si o que precisa para ser feliz e corra atrás do devaneio
Ou fique onde está desde que seja um ser inteiro
Gente de confiar, gente justa
Sem vergonha de sonhar, de chorar, de ser risível
Pior será chorar uma vida de contrição
De nunca caíres em tentação
De não ser apetecível

Gente amiga, autêntica, gente Nossa
Que se gosta
Que é flor, e não cacto
Gente que foda a taça
Que a GENTE joga pró Campeonato

sábado, 6 de março de 2010


Once upon a time um Migo do coração ;-) disse-me ou para ser mais precisa, e-mail-me-ou (???): lol, és tão gira tu, pá - sabias? Tipo: "Ok, vamos, não vamos, vai, fica, morde, arranha, beijo, leva com este extintor no meio dos cornos"


Temperamento Inconstante. Ânsia do que há-de vir.

Sou eu. Uma gaja problemática? Não…sou um doce! Bato é mal dos cornos…que se há-de fazer?


Uma cadência por vezes pouco harmoniosa, que encontra fortuita e frequentemente ritmos de contentamento.


Não me esqueço porém de sorrir, sonhar e ser feliz.

terça-feira, 2 de março de 2010

Vai uma dentadinha?




Por mais que tentemos rodear, andar, esconder e amar
Chegamos sempre a um ponto, que não sendo o G, e às vezes nem se vê
Em que gritamos por dentro, por vezes em pensamento
Ai que saudades, que bom, daquela tesão contida, daquela coisa que é a vida

D o sexo desenfreado, sem pudor e descontido
Do beijo sensual, demorado, molhado, carnal
É a ânsia do querer, do ter com sentimento, o outro derretido
Da entrega desgarrada, sem receio e sem mais nada
Do adormecer o corpo cansado, feliz, suado, embevecido
E embrulhar enquanto estás, naquela espécie de dormir
Braços, pernas, mãos, cabelos e tudo o que possas sentir

Ah como é bom amigos, amigas, visitantes que se esquecem
Palavras que acalentam, amaciam, entorpecem
O sorriso aparvalhado, o olá arrastado, o espírito engrandecido
E por muito que ponderes, e digas que não queres, tu dás-te por vencido!

E não venham os invejosos, os certinhos, grandiosos
Falar do que é nobre, resistente, calculado
Do conforto, conhecido, seguro e agastado
Chamar-me libertina, de desejo tresloucado
Perdoem-me a franqueza, e daquilo que é certeza

Por bom que seja o amor, amigo, companheiro
Que não julgo encontrar por aí, receio
Nada nos faz sentir melhor, daquilo que somos feitos,
Carne, músculos, pele, sangue, vontades e anseios
Do que produz adrenalina, e nos faz sair da linha

Do que o que uns chamam paixão e outros que “puta de tesão”