terça-feira, 8 de junho de 2010

escritoterapia



eu gosto de escrever

a minha gente sabe

nunca não sou eu

quando por deferência, ou pavor a resistências à besta frontalidade, me contenho

esta nossa língua lusa, dá-se a deliciosos malabarismos que me permitem entornar verdades, mascaradas de fábulas, rábulas, imagens, afinidades e mais um sem-fim de formas destorcidas

socorro-me do sarcasmo, zombo da vida e das suas inconsistências ou dou disparos perfeitos disfarçados de bombas atómicas

ladro que estou irritada com a humanidade, quando na realidade é só para um alguém que esta neura se dispõe
vocifero que quero a vida, quando só esse ninguém me fica com todas as vontades

eu gosto de escrever porque não me deixa deslembrar

quem melhor do que eu para me importunar
as manias e as convicções

recuar e observar como sou tantas vezes desproporcionada,
como me enterneço com patetices,
como o que foi não volta a ser

afinal uma longa sessão de psicanálise
as ambições ficam aqui pintadas, sem prazos
garanto, assim, que até ao último suspiro
não serão fracassos

6 comentários:

  1. Esquece a psicanálise, a psiquiatria e Freud. Não existe melhor terapia que escrever. O papel não nos censura e a língua de Camões permite elogiar e ofender com a mesma palavra, tal é a sua elasticidade.
    Por isso escreve!

    bj

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  2. A tua gente sabe que gostas de escrever...
    eu, não sendo da tua gente, sei que escreves muito bem!

    Beijo grande

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  3. thanks mister Cat...e é uma terapia bem mais em conta que a dos consultórios tradicionais :-)


    Kapikua beijos grandes

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  4. Escrever é, de facto, libertador... eu, como não tenho a tua criatividade, em vez de escrever num blogue, agora envio emails a mim mesma! Cada um faz o que pode!

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  5. Gosto muito da tua escritoterapia a mim tem me apetecido pouco mas se calhar está na hora de voltar...

    Beijos

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  6. Mamma Mia: és a maior! :-)...tipo post it no espelho da casa-de-banho!

    LBJ: como te entendo...a gente vai voltando aos bocadinhos e quando nos apetece. bjs

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