sexta-feira, 17 de abril de 2009

Psicologia para Totós


Não entendo os caminhos sinuosos que enchem o nosso espírito, que nos despertam comportamentos, para uns tão óbvios, para outros irracionais.
Que fazem com que haja homens que vêm nas mulheres uma figura maternal, e outros um animal. Que haja mulheres ninfomaníacas, frígidas ou assim-assim. Pessoas depressivas, extrovertidas, obssessivo-compulsivas…enfim um manancial de figuras, umas atraentes outras nem por isso.

Desde sempre vivi sozinha com a minha mãe, o meu pai viveu lá em casa até aos meus 2 anos de idade (situação da qual não tenho a mínima reminiscência).
Até ter um filho sempre achei que a figura de um pai era simplesmente dispensável. Agora acho imprescindível para o meu filho ter a figura e o amor do pai, deixei de achar que é dispensável se for bom, e também acho que foi fundamental o meu não estar porque seria mau (para um desenvolvimento saudável).
É um gajo porreiro, como diz a minha mãe, mas continua uma criança irresponsável, característica que aliada ao facto de ser um amigo muito próximo de uns bons muitos copos (para dizer a coisa de uma forma suave), fez com que a longo prazo conseguisse não ter nada.
A mim, foi-me dizendo ao longo dos anos, gosto muito de ti e tal e espero que consigas, crescer, estudar, vestir-te, alimentar-te destas palavras porque não tenho mais nada para te dar – não porque seja má pessoa, mas porque a minha mãe estava lá e ele podia simplesmente passar a bola. Vejo-o ocasionalmente quando tem algo para me cravar, ao que eu cedo por puro egoísmo - se o velho morre e eu não lhe falo é uma chatice, e porque afinal se o meu pai fosse outro, eu não seria eu e isso seria uma merda.

O que me leva à questão inicial: O que é que bloqueou no meu cérebro para me tornar quase imune a este assunto, que por acaso é o meu Pai.
Porque é eu falo/escrevo com tanto desprendimento deste assunto, ao qual eu deveria ser sensível? (e digo-vos eu até choro a ver os "Ídolos", por isso, isto definitivamente não é normal). Será um handicap cerebral?
Às vezes questiono-me o que seria diferente na minha personalidade, não se tivesse crescido com ele, mas se tivesse crescido com uma figura masculina/paternal.
Pura bisbilhotice, nada mais. Não é um gemido, nem tão pouco um desejo. Talvez fosse mais submissa, talvez gostasse menos (ou mais?) da espécie masculina, talvez, talvez…muitos talvezes. Mas não me surge nenhum talvez significativo. Não pode ter assim tão pouca importância. Ou pode?

9 comentários:

  1. sabes é preciso ter uma grande capacidade para ter um raciocinio que tu tiveste posteriormente, que foi o facto de perceber que o pai do teu filho é muito importante para ele, ainda que tu não tenhas tido a presença do teu pai. A maior parte das pessoas não tem esta capacidade de discernimento. És grande.
    Quanto à questão do teu pai, simplesmente conseguiste resolver a situação sindo lindamente.Colocaste numa gaveta, onde te defendes e bem, de toda essa situação.

    Mas a primeira parte do que escrevi tem a ver com a tua evolução, mais uma provação da vida que passaste.

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  2. Pois acho que pode ter pouca importância. Relativamente, como tudo na vida. A verdade é que todas as pessoas que passam na nossa vida deixam a sua marca. Que a figura do pai (sobretudo para os rapazes na sociedade patriarcal/máscula/agressiva em que vivemos) é muito importante, não há dúvida nenhuma, mas penso que mais importante ainda é que essa figura seja representativa de valores positivos. Resumindo e abreviando: tu, como "resultado final", saíste-te muito bem, apesar de!
    Beijos

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  3. Forteefeio,
    um elogio de vez em quando faz tão bem à alma...por isso muito obrigada por este carinho.
    O que é que hei-de fazer? gosto e pronto.

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  4. Mamma Mia: quem se saiu muito bem foste tu! Olha só o que fizeste sózinha ;-) (hehhehe, ganda lata, a minha!)

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  5. e quando mãe e pai passam a bola? ambos para terceiros? com desculpas de merda? pois é,talvez por isso as minha filhas sejam o meu nº 1 em tudo, e mesmo assim têm um pai presente e que sempre achei necessário para o bem estar delas, como tu.há quem diga que filhos de pais irresponsáveis tb o serão, eu digo que não! que serão ainda melhores...

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  6. O facto de perguntares revela tudo menos desprendimento. É uma merda, mas o sangue não tem de coincidir para encontrarmos as tais pessoas. Beijo ***

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  7. sonhos/pesadelos
    "que serão ainda melhores..." - infelizmente, não neste caso, muitas vezes não é isso que acontece, é mais uma das reacções incompreensiveis da mente humana: pessoas que foram abusadas, abusam; pessoas que foram espancadas, espancam. é tudo muito estranho.

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  8. zorze: tenho que concordar contigo, se escrevo ou falo no assunto revela que no minimo penso nisso, mas a falta de reacção emocional é-me estranha
    beijos***

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  9. Tens lá uma coisa no meu blogue para ti

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